terça-feira, 26 de junho de 2012

MOTORES DE VEÍCULOS VÃO MUDAR


A AEA - Associação Brasileira de Engenharia Automotiva realizou na última quarta-feira o V Simpósio Internacional de Combustíveis - Matriz Energética Automotiva/Desafios até 2020, no Milenium Centro de Convenções, em São Paulo (SP), com a participação de 182 executivos e profissionais da cadeia automotiva, frotistas, produtores de aditivos, distribuidoras de combustíveis, além de representantes de órgãos governamentais e estudantes de engenharia.
Em sua 5ª edição, o simpósio abordou os desafios de abastecimento de combustíveis e biocombustíveis na matriz energética automotiva até 2020, bem como a experiência acumulada com a introdução do Diesel de baixo teor de enxofre e a introdução de injeção direta no ciclo Otto.
A programação do evento foi dividida em três painéis: Painel "Capacidade de oferta de combustíveis até 2020"; Painel "Técnico" e Painel "Ciclo Otto". O vice-presidente da AEA, Sidney Oliveira, em sua palestra de abertura, ressaltou a importância do tema para o futuro da indústria automobilística.
O superintendente adjunto de Abastecimento da ANP - Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis -, Rubens Freitas, realizou a palestra com o tema "Desafios no abastecimento de combustíveis" e como agência reguladora encara o desafio da regulação do etanol, além de garantir o fornecimento e a qualidade e expandir os combustíveis renováveis.
"Um dos desafios é que a oferta do etanol chegue ao nível de que o País necessita. A pesquisa de etanol de segunda geração está avançada. A experiência de 30 anos em biocombustível foi um ingrediente importante para introduzir o biodiesel na matriz energética", complementa Freitas.
Atualmente há mais de três mil postos em todo o território brasileiro que fornecem o Diesel S50. O problema é a falta de caminhões rodando com o motor Euro 5, ideal para o S50, e custar R$ 0,15 mais caro que o comum e se torna a segunda opção dos motoristas.

Demanda por combustíveis está em alta no Brasil

Ao dar início ao Painel "Capacidade de oferta de combustíveis até 2020", com a palestra "Panorama da Oferta de Combustíveis no Brasil", da Petrobrás, Arlindo Moreira Filho, ressaltou que, mesmo com as expectativas de crescimento do mercado de etanol no Brasil, a demanda por derivados de petróleo tem sido incrementada devido a fatores como mudanças de condição climática, queda na produção de cana-de-açúcar e outros que diminuem a produção do etanol e elevam seu preço. O aumento dos carros em circulação no País, o crescimento do mercado aéreo e o aquecimento da indústria agrícola implicam na necessidade de importação de gasolina e Diesel, o que demonstra que o mercado brasileiro está em franca expansão.
"A Petrobras continua com fortes investimentos para aumentar a produção de combustíveis com baixo teor de enxofre. Teremos a entrada do Diesel S10 a partir de janeiro 2013 em substituição ao S50, a substituição do Diesel S1800 pelo S500 como Diesel rodoviário em todo o território nacional e, em 2014, a gasolina de 50 ppm de enxofre que irá substituir a atual de Max 800 ppm. Para isto foram e estão sendo realizados altíssimos investimentos em plantas de hidrotratamento e projetos e construção de novas refinarias no país para que possamos diminuir nossa dependência atual por combustíveis importados", disse Moreira Filho.
Na sequência, em "Perspectivas para o Etanol e outros biocombustíveis derivados de cana-de-açúcar", o palestrante Alfred Szwarc, assessor da Presidência da Unica (União da Indústria da Cana de Açúcar), falou sobre as perspectivas para o mercado de biocombustíveis.
"O consumo global de biocombustível aumentará em 10 vezes, de 2.5 EJ hoje, para 27 EJ em 2050. Os biocombustíveis irão prover 27% do combustível até 2050 e serão particularmente importantes para diminuir a emissão de carbono dos modais de transporte pesados, como caminhões, navios cargueiros e aviões", enfatiza Szwarc.
Alfred também ressaltou que o cenário dos biocombustíveis é ainda muito volátil, diante dos desafios de suprimento da demanda por biocombustíveis de alta qualidade, eficiência energética, eficiência produtiva e preço competitivo. "Os planos para os biocombustíveis serão revisados de tempo em tempo para incluir novos desenvolvimentos tecnológicos", conclui.
O presidente da APROBIO "Associação dos Produtores de Biodiesel no Brasil, Erasmo Battistella, em sua palestra "Biodiesel", ressaltou a necessidade de uma política de médio e longo prazo para garantir segurança e investimentos na cadeia produtiva de biocombustíveis a fim de atender tanto ao mercado interno como ao externo. "O Brasil precisa aproveitar a oportunidade da Copa 2014 e Olimpíadas com inclusão do biodiesel em usos específicos", complementa.

Emissões de CO2 e Equivalência Energética

"Emissões de CO2 e Equivalência Energética", por Márcio de Almeida D'Agosto, do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós Graduação e Pesquisa de Engenharia, apontou que o Brasil é líder mundial no uso de biocombustíveis para transporte e tem feito disso um exemplo para o mundo.
"Ainda temos um conjunto amplo de oportunidades para desenvolver e aplicar tecnologias e combustíveis mais limpos. Em um futuro próximo, teremos um conjunto ainda maior de tecnologias e combustíveis mais limpos no mercado brasileiro", afirma D'Agosto.
O palestrante Vitor Klizas, da IHS Automotive, por sua vez, em sua apresentação "Desafios decorrentes da implantação do Novo Regime Automotivo", mostrou a importância de uma nova legislação de emissões de CO2 e eficiência energética é o único caminho para o aumento do conteúdo tecnológico de alto valor agregado, de modo a não perder o nível de competitividade do Brasil em 3 anos.
"Pressões crescentes para o aumento da eficiência energética, com a diminuição do CO2 e menos investimento, aumentam a percepção do mundo sobre as possibilidades de a eletromobilidade solucionar os problemas relacionados ao meio ambiente, sendo, no entanto, que a eletrificação de componentes deve, ao contrário da eletrificação dos sistemas de propulsão, acontecer no curto prazo. Prevemos menos de 7% de veículos elétricos em 2023", prevê Klizas.
Para finalizar o Painel "Capacidade de oferta de combustíveis até 2020", a AEA promoveu um debate entre o público presente e os palestrantes, moderado também por Klizas. O destaque foi à situação do CO2 na cadeia de produção do etanol e do Diesel.
Ao dar início ao Painel "Técnico", a superintendente Adjunta de Biocombustíveis e Qualidade de Produtos da ANP, Cristiane Andrade, palestrou sobre "A Nova Regulamentação para o Setor de Combustíveis". Mostrou como a associação tem contribuído para a garantia da qualidade dos derivados de petróleo, do gás natural e dos biocombustíveis, por meio de regulação, estudos e pesquisas, em benefício da ANP, da sociedade e do meio ambiente "item de maior relevância".
Distribuição de diesel S50 é problema
No que se refere ao Diesel, a ANP estabelece metas de melhoria da qualidade do ar, negociadas entre governo, produtores de combustíveis e da indústria automobilística e de equipamentos, com objetivo de chegar entre 10 e 500 ppm para 2014.
Em "Status de Distribuição do Diesel S50", Alisio Jacques Mendes Vaz, presidente executivo do Sindicom, fez uma analogia da introdução do álcool nas décadas de 70 e 80, quando aquele biocombustível era uma opção ao consumidor, com o Diesel S50 e S10, agora uma obrigatoriedade.
"As dificuldades já eram esperadas, a introdução do S50 deverá ser gradual. O crescimento lento da demanda acarreta custos elevados com preço final até 10% acima. O desafio está na logística de estocagem e movimentação do Diesel de baixo teor de enxofre ao longo da cadeia", assinala Alisio.
A "Qualidade do Combustível Diesel na Argentina" foi o tema apresentado por Maria Elena Rodriguez, chefe de Desenvolvimento de Combustíveis da YPF. Foram destacadas as mudanças que vêm ocorrendo nas regulamentações dos combustíveis na Argentina desde 2006, com a adição de biocombustível ao combustível comum.
"Em janeiro de 2010 foi introduzida no mercado argentino a mistura do biodiesel ao Diesel comum, na proporção mínima de 5% do volume. Com os bons resultados obtidos em avaliações de laboratório, de 2006 até agora, o governo ditou alguns aumentos do volume de biodiesel na mistura e, até outubro de 2012, o Diesel vendido no mercado argentino deverá ter uma concentração de 10% de biodiesel", ressaltou Maria Elena.
Rodriguez citou a importância na harmonia entre o governo e as empresas produtoras. "A evolução na qualidade do Diesel, alinhada aos cuidados com o meio ambiente, é resultado de especificações bem definidas e harmonização entre os grupos de interesse, tendo o Estado um importante papel nestas definições e no cumprimento das normas de qualidade do Diesel e do biodiesel em uso na Argentina. O monitoramento da qualidade do combustível em todas as etapas de distribuição garantirá a manutenção da qualidade", finalizou.
O Painel "Técnico" foi finalizado com uma sessão de perguntas e respostas, mediada por Ricardo França, da Ipiranga, tendo como principal destaque as dificuldades quanto às restrições técnicas na introdução do S10 no Brasil, com enfoque no acréscimo do teor de enxofre ao longo da cadeia de distribuição.
O Painel "Ciclo Otto" contou com duas palestras bastante oportunas para a atualidade. Na apresentação "Motores de injeção direta de combustíveis em associação com o etanol", Marcelo Brandão, gerente de Desenvolvimento de Projeto da Bosch, destacou o consumo de combustível e a emissão de CO2, a legislação no exterior sobre emissão de CO2 e consumo de combustível e finalmente, as tecnologias aos motores ciclo Otto para redução da emissão de CO2.
O gerente regional de Negócios da Lubrizol paraAmérica Latina, Airton Flores de Souza Britto, palestrou sobre o tema "Aditivação Total da Gasolina: Experiência Americana". Ao relatar a experiência dos EUA no programa criado há mais de 18 anos, colocou os pontos positivos do case no Brasil, onde a gasolina S50 deverá estar nos postos de abastecimentos, a partir de 1º de janeiro de 2014.
"O programa pode e deve ser iniciado na data estabelecida (2014) e deverá sofrer ajustes durante o período de adaptação, que é considerado normal. Um combustível de referência deve representar o mercado brasileiro.", complementa Britto.
O encerramento do V Simpósio Internacional de Combustíveis foi feito por Sergio Viscardi, diretor executivo da AEA e gerente técnico de Combustíveis e Lubrificantes da Ipiranga, um dos coordenadores do evento e membro da Comissão Técnica da AEA.
Fonte: Diario do Vale em 25/06/2012
Notícia postada pelo portal Logística Total

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